Ano da família
O Papa Francisco convocou a Igreja do mundo inteiro a viver um "ano da família",
em comemoração aos 40 anos da Exortação Familiaris Consortio, do Papa São João Paulo II;
e aos 5 anos da Exortação Amoris Laetitia.
A Familiaris Consortio é fruto do Sínodo da Família celebrado em 1980. Recolhendo as reflexões
dos padres sinodais, João Paulo II lançou a Exortação pós-sinodal, que trata da função da família cristã
na Igreja e na sociedade. após apresentar as luzes e sombras em que a realidade da família se encontra,
o pontífice recorda o matrimônio no desígnio de Deus para homem e mulher. Depois oferece preciosas
orientações pastorais para a Igreja, no que diz respeito a pastoral familiar. é a primeira vez que um documento
pontíficio traz uma palavra dirigida especialmente ao cuidado pastoral às famílias em situação chamada
irregular. Devido a esse zelo pastoral de João Paulo II, a Familiaris Consortio tornou-se a carta magna da
pastoral familiar.
A Amoris Laetitia é resultado do processo sinodal de dois anos, assembleia extraordinária em 2014 e assembleia
ordinária em 2015. Trata-se da exortação pós-sinodal mais longa da história da Igreja, são 9 capítulos. No documento Francisco traz orientações práticas para o cotidiano das famílias a partir da Palavra de Deus; apresenta o matrimônio
como boa-nova, "o Evangelho da família"; insiste numa melhor preparação para os noivos, e sobretudo, num processo acompanhamento, discernimento e integração dos casais em situação chamada irregular, que devem ser integrados
na comunidade cristã. O Papa reconhece que é impossível, e até mesmo anti-evangélico, querer aplicar a mesma norma em todos os casos. É preciso acompanhar caso por caso, percebendo a subjetividade de cada pessoa.
Entre esses dois documentos percebe-se pelo menos dois pontos de continuidade: um primeiro, na gradualidade
pastoral. João Paulo II afirma a necessidade de acompanhar as situações difíceis em um caminho gradual, com paciência, pois cada pessoa leva tempo a entender e viver os desígnios de Deus para sua vida. Francisco retoma isso
pedindo um sério processo de acompanhamento por parte da pastoral familiar aos casais em situação complexa.
E um segundo ponto de continuidade, está no discernimento. Familiaris Consortio lembra que os pastores, por amor à verdade, devem discernir bem as situações. Amoris Laetitia dá continuidade a essa reflexão, afirmando um processo de
discernimento da consciência dos fiéis, para que não hajam classificações apressadas.
Que esse ano da família de 2021 ajude-nos a voltarmos aos ensinamentos desses pontífices sobre a família, o matrimônio, e sobretudo, suas orientações para a pastoral familiar. Que sejamos uma pastoral familiar em saída, missionária, que anuncia o Evangelho da família, como caminho seguro de realização e santificação da pessoa.
Pe. Jonas Emerim Velho
Coordenador Diocesano de Pastoral